quarta-feira, 16 de junho de 2010

SAÚDE!!!

Tempos atrás, tínhamos a definição de saúde como condição única de não-doença. Conceito já ultrapassado para nossos dias, uma vez que ela é condicionada por uma série de fatores, tais como higiene, alimentação, moradia digna, educação, trabalho, lazer, transporte, saneamento, cuidados ecológicos, relações com os demais etc.
Enfim, muitos aspectos influenciam esse processo e, ampliando um pouco mais o conceito, a saúde pode ser compreendida como bem-estar físico, psicológico e social.
Nesse sentido, a Constituição Federal do Brasil legitima acesso à saúde como direito de todos, sendo responsabilidade do Estado a garantia do mesmo, fato assegurado através da lei 8.080, da implantação do Sistema Único de Saúde (SUS).
Essa lei traz os termos essenciais que constituem a base do SUS: promover, proteger e recuperar a saúde, levando em consideração a dimensão biopsicossocial da humanidade, ou seja, um atendimento de modo integral.
E assim, ao longo do tempo, tem sido unânime o reconhecimento acerca da importância de se criar um "novo modo de fazer saúde". Dessa forma, a origem do Programa Saúde da Família teve início, em 1994, como um dos programas propostos pelo governo federal aos municípios para implementar a atenção básica, substituindo o modelo tradicional de atenção à saúde a partir da prevenção de doenças e promoção à saúde, incorporando os princípios básicos do SUS. Atualmente, reconhece-se que não é mais um programa e sim uma Estratégia para uma Atenção Primária à Saúde qualificada e resolutiva.
Em Divinópolis, o programa teve início em 1996, primeiramente com quatro equipes, que foram reorganizadas com o passar do tempo, para que se adequassem às normas do Ministério da Saúde. Hoje, a cidade conta com 20 equipes, sendo 17 ESF e 03 EACS.
Apesar da implantação da estratégia do PSF no município há quatorze anos, ainda está presente um modelo de atenção à saúde misto. Existem muitas unidades básicas de saúde que não foram adequadas à nova realidade; e mesmo as equipes de Saúde da Família ainda apresentam muitas características do modelo tradicional medicocêntrico e curativo, com ênfase na doença e uma visão compartimentada do paciente.
Para que a Estratégia de Saúde da Família apresente resultados eficientes, é necessário que haja uma mudança de paradigmas, o que não acontece da noite para o dia, e sim de uma forma lenta e gradual. Faz-se necessário uma profunda mudança na forma de pensar, atuar e trabalhar a saúde, a partir dos princípios que se baseiam na universalidade de acesso, na equidade e na integralidade das ações.
Cabe ainda ressaltar o papel de cada cidadão brasileiro diante deste contexto. Assumir esse papel é fundamental, pois a Constituição garante o direito de participação popular na elaboração das políticas de saúde e de seu cumprimento. Isso se efetua por meio dos Conselhos de Saúde. Por isso, sabendo da situação deficitária do SUS no Brasil, precisamos considerar que muito se deixou de fazer por falta da contribuição dos próprios interessados: nós, os cidadãos brasileiros.
Enfim, para que se continue a transbordar o conceito de saúde para além da não-enfermidade, necessitamos repensar nossa colaboração, bem como visualizar a humanidade em seu caráter biopsicossocial, isto é, em todas as suas dimensões. Desse modo, será possível fazer emergir uma nova realidade moldada sob o propósito de promover, proteger e recuperar a saúde e, assim, o programa do SUS poderá, de fato, ser único e igualitário.